quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Faz alguns dias...

Faz alguns dias, vi uma mãe que desembarcava do automóvel com a sua filinha em frente à escola.
Enquanto trancava o carro, a ruivinha correu até uma poça d'água deixada pela chuva, onde sapateou vigorosamente.
A delícia proporcinada por aquela experiência proibida produziu um rosado gracioso em suas bochechas, enquanto os seus cabelos crespos e macios flutuavam ao balanço do corpo.
A mãe ao perceber a traquinagem, soltou o clássico e espichado clamor: "Aí Gabrieeeela! Olha como estão as tuas meias agora!"
Gabriela olhou para os respingos de barro sem dar nenhum significado importante para ele.
Levantando o olhar ávido por novos estímulos, se deu com meu sorriso complacente, imaginando ter conquistado uma cúmplice.
Eu, na verdade, vivenciava um instante de deslumbramento diante daquele filhote humano, pleno de viço e exuberância, sem um único traço de tristeza, medo, culpa ou incerteza.
Aquele serzinho era uma explosão de expectativas e de promessas, uma fonte de potencialidade pura soando como uma notícia boa, uma projeção do futuro.
Assim são as crianças e a sua presença nas nossas vidas; uma referência de tudo que é novo, de tudo que está por ser descoberto.
Ruza Amon

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